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22 de Maio de 2020 às 14:00

Reportagem do Jornal O Estado mostra que, depois de cortar salário de trabalhadores, Energisa mira novo socorro do governo

Corte

Reportagem desta sexta-feira, dia 22 de maio, do Jornal O Estado MS, mostra que Energisa aplicou a MP 936 e ainda deve aderir a linha de empréstimo para socorrer o setor elétrico. Leia a reportagem na íntegra:

A Energisa Mato Grosso do Sul classificou como um “avanço” o decreto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que cria linha de empréstimo para socorrer o setor elétrico, baixado na segunda-feira (18).

Em nota à reportagem, a concessionária alega que as distribuidoras são as arrecadadoras de toda a cadeia do segmento, e que cerca de 80% do valor da conta de luz é repassado aos geradores e transmissores, além de governo do Estado e prefeituras por meio do recolhimento dos impostos.

Para a distribuidora, responsável por fornecer energia elétrica a 1 milhão de consumidores em 74 municípios do Estado, “a alta significativa da inadimplência e a redução do consumo”, efeitos colaterais da pandemia de novo coronavírus, afetam o caixa da empresa, e, portanto, “sua capacidade de arcar com tais repasses”.

A Energisa não crava, mas estima que a taxa de inadimplência avançou para 12% em decorrência da pandemia. Ou seja, a cada dez consumidores, um não paga a conta.

Conforme balanço financeiro do primeiro trimestre de 2020, só 1% do fornecimento faturado pela Energisa Mato Grosso do Sul entre janeiro e março não foi pago.

O mesmo documento ainda aponta carga recorde para o mês de março, 12% superior a dezembro de 2019 e 10% superior a igual mês do ano passado. O consumo saltou 1,1% no primeiro trimestre de 2020, se comparado com os primeiros 90 dias de 2019.

Depois de fechar o exercício anterior com Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciação) de R$ 636 milhões – resultado 54,2% superior ao de 2018 –, a Energisa já contabilizou Ebtida de R$ 155,9 milhões no trimestre inicial de 2020.

Pelo menos 300 trabalhadores tiveram corte salarial ou contrato suspenso

Em abril, o Sinergia-MS (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria e Comércio de Energia no Estado de Mato Grosso do Sul) revelou que funcionários da Energisa foram enquadrados na MP (Medida Provisória) 936 e tiveram salários reduzidos ou contratos de trabalho suspensos.

O presidente da entidade, Elvio Vargas, estima que aproximadamente 20% dos 1,5 mil trabalhadores da Energisa foram incluídos nos acordos.

“A Energisa foi a primeira e a única do grupo do setor elétrico a aderir a essa medida. O setor elétrico nunca tem prejuízo, até porque não tem concorrência. Ou você tem a Energisa ou você tem a Energisa. Não haveria necessidade de ela entrar na MP 936, até porque, diferente de outras atividades que estão prejudicadas, a energia não está”, critica.

“Mesmo com a redução em algumas indústrias, o consumo continua acontecendo, o produto dela [Energisa] continua vendendo. Ela pode ter uma redução de lucro, mas continua vendendo seu produto, inclusive com preços bem acima do esperado para o tipo de produto que proporciona aos seus consumidores”, continua Vargas.

Em 2019, as despesas da Energisa recuaram 0,5%, com gastos de R$ 438,5 milhões com pessoal, materiais, serviços de terceiros e outros. O que também caiu foi o investimento da empresa no Estado, com corte de R$ 14,3 milhões no comparativo com 2018. O volume aplicado em melhorias passou de R$ 252,6 milhões em 2018 para R$ 238,3 milhões no exercício anterior.

Ainda em nota, a Energisa descreve que o cenário enfrentado pelo setor elétrico desde o início da pandemia no país “é desafiador”.

A concessionária apela pela regularidade nos pagamentos das contas de luz, “sob o risco de comprometer a sustentabilidade de toda a cadeia”.

Dada a desaceleração econômica e consequências dela no orçamento doméstico, a Aneel proibiu cortes no fornecimento de energia por inadimplência até 30 de junho.

“Mesmo quem teve o corte suspenso pode negociar para evitar um acúmulo de dívidas lá na frente. A empresa está monitorando caso a caso, ofertando aos clientes condições especiais para regularização dos débitos”, reforça a Energisa Mato Grosso do Sul.

Por: Jones Mário e Michelly Perez, Jornal O Estado



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